É fato que o gênero de filmes sobre o faroeste norte-americano foi explorado até a exaustão nos anos 50 até 80; mais recentemente, tudo o que é relacionado aos antigos caubóis é uma pilha de clichês. Contudo, os heróis brucutus de arma em punho, chapéu sobre a cabeça com um destemido e ágil cavalo branco ainda não estão enterrados no fundo do baú Hollywoodiano. E agora, seu mais novo inimigo, saído direto dos confins espaciais de Steven Spielberg - os alienígenas. O nome do filme diz tudo,

COWBOYS E ALIENS

A volta dos brucutus do faroeste

     Acordando no meio do deserto com um enorme branco na memória e uma misteriosa pulseira presa ao seu braço, Jake Lonergan, (Daniel Craig - Bond, James Bond) procura abrigo numa cidadezinha com estrebarias e Saloons, digna do Velho Oeste. Lá ele conhece o Xerife Taggart (Keith Carradine) e uma garota misteriosa, Ella (Olivia Wilde, de Tron - O Legado); Jake arruma briga com o filho do coronel punho de ferro que controlava a cidade, Woodrow Dolarhyde (Harrison Ford, mais conhecido como Indiana Jones).

     Os personagens-clichês armados do gênero se deparam com um grupo de naves que chega à Absolution atirando raios lasers e abduzindo os cidadãos; quem sobreviveu, sob o comando do Coronel, decide rumar até o covil dos extraterrestres e resgatar todos que os "monstros" capturaram.

     Monstros no sentido literal, os ETs dilaceram pessoas com as próprias mãos (ou garras), são nojentos e feios - como na maioria das vezes, uma mistura do Alien com os bichos de Independence Day, Guerra dos Mundos e Super 8; mas seu objetivo aqui no planeta azul difere completamente dos que já apareceram nas telas do cinema querendo nossas terras, cérebros ou carne humana. Está aí um ponto positivo para os roteiristas Roberto Orci, Alex Kurtzman e Damon Lindelof; Orci e Kurtzman já assinaram longas de tema parecido, como The Searchers; eles, aliás, foram contratados após quase 14 anos de lutas para conseguir os direitos para adaptar a HQ homônima aos cinemas.

     Somente em 2006 o filme ameaçou sair, mas nada aconteceu; Robert Downey Jr., que foi cotado para ser o protagonista, apresentou o projeto a Jon Favreau, que finalmente assumiu a direção; e, com ele, trouxe outros grandes nomes de Hollywood. Na produção, Ron Howard ("O Código Da Vinci" e continuação); produção executiva, Steven Spielberg - consequentemente, efeitos da Lucasfilm. Isso explica as emociantes cenas de batalha entre os heróis e os ETs, que avançam ferozmente sobre homens e cavalos em cenas intrigantes e sangrentas.

     No decorrer da história vemos flashbacks de Jake Lonergan, memórias turvas sobre a vida que ele havia esquecido; suas lembranças desconexas são explicadas com o desenvolvimento da trama, que esconde uma revelação inesperada da personagem de Olvia Wilde e se prolonga por aproximadamente duas horas, apesar da carência de subtramas. Por falar em Wilde, a atriz está em plena ascenção, já atuando em dois sucessos e contracenando com a velha-guarda - Jeff Bridges, Liam Neeson, Russell Crowe e, agora, H. Ford.

     Cowboys e Aliens oferece pleno entretenimento indiscriminado, bom para assistir durante o dia, à noite, madrugada adentro ou após tomar o café da manhã. Ficção científica e ação, thriller, felizmente, sem toques de documentário, método este que vem resultando em catástrofes cinematográficas como Distrito 9 e Contágio. Relembra os dramáticos longas de caubóis de John Wayne e Clint Eastwood (sem fazer comparações com esses clássicos, vale notar) misturado com o não mais promissor gênero de invasões extraterrestres. E talvez este seja o novo método para continuar explorando as minas de filmes sobre alienígenas:

     Mixar o tema com fatos históricos, épocas antigas, momentos icônicos da humanidade. Possivelmente, o passo seguinte do sci-fi contemporâneo.

Crítica de Murillo Jaf