Após dirigir filmes com total inspiração histórica, o diretor Riddley Scott toma as rédeas de "Robin Hood" - baseado no livro homônimo de Howard Pyle - com os atores Russell Crowe e Cate Blanchett no elenco. Apesar de carregar o mesmo nome da obra, o filme traz somente pequenos traços dela; ele mostra o surgimento da lenda do prínicpe dos ladrõesde um novo ponto de vista, no estilo de Scott. O longa une ficção e história, união esta que resulta em cenas espetaculares, bem produzidas, sequências que tornam o filme emocionante, uma excelente adaptação literária.
ROBIN HOOD
Crítica de Murillo JAF
A ficção encontra realidade
Os eventos do filme ocorrem após o final da Terceira Cruzada, quando o rei inglês Ricardo Coração de Leão (Danny Huston) retorna da Terra Santa com suas tropas, onde se encontrava Robin Longstride (Russell Crowe); Ricardo estava fracassado, e decidiu iniciar uma jornada pela Europa saqueando fortalezas, acumulando riquezas e visando voltar para Londres.
Depois de sitiar uma cidade, o cruzado Longstride (junto com seus amigos) é condenado, pelo monarca, a uma pena de morte por questionar algumas decisões de Coração de Leão durante a guerra contra os muçulmanos no oriente. Porém, algo inesperado acontece: o rei morre em batalha, atingido por uma flecha inimiga. Aproveitando-se da situação, o grupo que seria decapitado foge, e encontra, em sua fuga, um cavaleiro inglês a beira da morte, Sir Robert Loxley (Douglas Hodge), que tinha como missão levar a coroa até a capital inglesa. Em seus últimos momentos, Sir Robert pede a Longstride que leve uma espada até seu pai, em Nottingham. O grupo de Robin parte, então, para Londres - se passando por cavaleiros reais - para entregar a coroa ao príncipe João (Oscar Isaac), que vem a se tornar rei.
O novo monarca é auxiliado por Godfrey (Mark Strong), o assassino de Loxley, que se torna o chanceler inglês; entretanto, Godfrey era um traidor da coroa, que vinha trocando informações com o Rei Filipe da França para iniciar uma guerra. Cabe a Robin Longstride organizar e liderar uma defensiva contra a França o quanto antes, mas para isso deve unir um país desunido, onde os ricos, monarcas e o clero usam o nome de Deus como arma para oprimir as camadas baixas da sociedade.
Os que conhecem a lenda do príncipe dos ladrões sabem que roubar dos ricos e dar para os pobres é o objetivo do persongagem. Contudo, o diretor explica, num contexto histórico, por que Robin Hood é motivado a realizar o intuito. Em uma época na qual não havia igualdade alguma, segundo Riddley Scott, Hood é um líder político democrático; o longa mostra que, somente pelo motivo de Hood se revoltar contra os ideais da monarquia da época consegue liderar e vencer a guerra contra a França, e, ainda assim, é considerado um fora da lei; portanto, Riddley transforma o ladrão dos livros em um idealista do século XIII.
Se na maioria dos filmes que unem ficção-realidade essa mistura resulta em desastre, "Robin Hood" é uma exceção. Além da excelente e instigante história, a produção do longa é impecável; as cenas, acompanhadas da ótima trilha sonora de Marc Streitenfeld, emocionam o espectador, principalmente durante a guerra que constitui os últimos momentos do longa, que se compara com a de "Senhor dos Aneis - O Retorno do Rei", e, apesar de não usar os mesmos efeitos especiais do filme de Peter Jackson, as cenas causam o mesmo impacto nos que assistem - deixam você sem fôlego, ansioso para ver o que vai acontecer no final. E, por falar em final, o encerramento longa é impressionante, e chega a nos deixar boquiabertos; não porque o filme acabou sem nexo ou com uma continuação explícita (como em "A Bússola de Ouro", por exemplo) e sim devido a uma conclusão que exclarece todas as subtramas de uma maneira surpreeendente.
A fotografia de "Robin Hood" é razoável, e a imagem chega, em algumas situações, a ser escura em demasia. Contudo, as sequências do filme são excelentes, mostrando um trabalho profissional da equipe técnica.
E Russell Crowe mereceu o papel de protagonista, com ótima atuação, assim como Cate Blanchett, notável como sempre; Mark Strong também se mostrou um belo antagonista, atuando bem melhor que em Kick-Ass , onde havia interpretado um traficante chefe de família - portanto, RH contém ótimo elenco e direção/produção incontestavelmente incríveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma das tarefas mais difíceis na direção de um longa baseado em HQ ou livro é agradar leitores e não-leitores, equilibrar o conteúdo do filme de forma que satisfaça ambos os públicos, que não seja por demais fiel a obra ou muito distante dela. Riddley Scott conseguiu. Robin Hood não se aprofundou muito em assuntos históricos (como Scott costuma fazer em seus outros trabalhos) ou seguiu o livro a risca. Equilibrou precisamente a ficção e a realidade, e o resultado foi um filme de excelente qualidade de produção, grande trabalho da equipe técnica e ótimas interpretações.
Um dos melhores filmes do ano, e, sem dúvida, uma das mais notáveis adaptações de uma obra literária para o cinema.
Um jovem nerd, que, questionando porque ninguém havia tentado ser um super-herói em uma sociedade tão injusta, decide simplesmente comprar uma fantasia e sair pelas ruas fazendo justiça com as próprias mãos. Uma menina que prefere pedir uma faca ou uma arma de aniversário a bonecas ou quaisquer outros brinquedos. Um garoto que treina para se tornar um bandido igual ao pai. Esses temas compõe o filme politicamente incorreto de Matthew Vaughn, "Kick-Ass - Quebrando Tudo", baseado na HQ Kick Ass, de Mark Millar.
KICK-ASS: QUEBRANDO TUDO
Crítica de Murillo JAF
Dave Lizewski (Aaron Johnson) é o típico nerd, "invísível" na escola, gosta de uma garota que nunca olha para ele, fã de histórias em quadrinhos, assaltado praticamente todos os dias por jovens delinquentes. Essa situação o leva a questionar: Por que ninguém nunca tentou ser um super-herói? Por que as pessoas, quando vêem um crime sendo cometido, não fazem nada? Resultado: o garoto compra uma fantasia, e, apesar de não saber lutar, sai pela rua e tenta fazer justiça. Em sua primeira tentativa, é esfaqueado. Na segunda, sua ação é filmada e colocada no You Tube, tornando Kick-Ass (o nome do herói de Lizewski) uma das personalidades mais famosas do mundo.
Efeito dominó. Surgem novos heróis, ou melhor, anti-heróis. Big Daddy (Nicolas Cage) e Hit-Girl (Chloe Moretz) são pai e filha, que querem se vingar do chefe do crime Mark D'Amico (Mark Strong) por destruir suas vidas. Red Mist (Chritopher Mintz-Plasse), que diz ser outro novo herói, na verdade é o filho de Mark, que almeja ser um traficante igual ao pai, se tornando um vigilante somente para se aproximar de Kick-Ass.
O longa é politicamente incorreto; alguns aspectos chegam a ser divertidos, como a garota Hit-Girl fazendo trocadilhos com seu pai ao pedir bonecas e um cachorro em seu aniversário, quando na verdade ela queria uma faca - um humor negro muitas vezes não apreciado por alguns espectadores, que procuram o filme imaginando que este segue um outro tipo de comédia (como em "Super-Herói - O Filme"), e se deparam com cenas sangrentas a la Tarantino. Apesar da violência de Vaughn, a produção é impecável. A trilha sonora que acompanha as cenas trazem contradição com o que é mostrado, como a tortura de um homem acompanhada de música clássica.
Consequentemente, o filme coloca crianças e adolescentes como assassinos - manejando facas e armas de fogo; portanto, o diretor exagera em introduzir um moralismo incorreto no longa e erra em ser influenciado em demasia pela HQ, erro este cometido também por Zac Snyder na direção de Watchmen e 300.
Matthew quis inovar, usando violência e diálogos ácidos para isso, mas não se aprofundou mais filosóficamente na antítese do herói, preocupando-se somente com sangue, sangue e mais sangue para dizer o óbvio de como um herói seria na realidade.
Considerações Finais
O diretor Matthew Vaughn investe exageradamente em violência e usa de humor negro para adaptar a HQ Kick-Ass, de Mark Millar. Foge do clichê, mas erra em adaptar fielmente os quadrinhos, colocando jovens e crianças como assassinos. A produção e edição são ótimas, e a moral do filme é: sem poderes, não há responsabilidade; portanto, o título resume todo o longa. Quebrando tudo.
Uma floresta densa, um lugar desconhecido, tensão, medo e sangue. Essas características hoje podem ser sinônimos de clichê, mas nos anos 80 foram motivadoras do grande sucesso de "O Predador", com o astro de ação (e governador da Califórnia) Arnold Schwarzenegger.
É fato que muitos cineastas conseguiram transformar o atual senso comum em algo inovador, que não fosse o mais do mesmo. Nimród Antal quase conseguiu. Introduziu novos elementos aos primeiros citados acima: animais alienígenas, outras espécimes extraterrestres e até naves espaciais. Mas há um mas. "Predadores" foi um filme curto, rápido, bom até o desanimador final. A franquia dos caçadores da galáxia de fato retornou, mas não foi nem de longe a volta que os fãs aguardavam; um retorno tampouco triunfante.
PREDADORES
Um retorno nada triunfante
A escória da Terra havia sendo observada por uma raça alienígena avançada, os nossos conhecidos predadores, cujo objetivo era escolher membros de um "jogo" de caçada feita em outro planeta. Mercenários, criminosos e presidiários foram então abduzidos pelos ETs e lançados nesse outro mundo. O grupo de terráqueos (liderados por Royce, de Adrien Brody, e por Isabelle, da brasileira Alice Braga) é obrigado a se unir para sobreviver numa imensa floresta negra, não ser capturado e evitar a morte.
É indubitável reconhecer as semelhanças com o primeiro filme - um bando de gente armada jogada numa floresta, das quais só sobram um ou dois. Em certo momentos, a tensão faz você não tirar os olhos da tela, entretanto, essa emoção dura pouco. Muito pouco. O filme é curtíssimo, e os acontecimentos passam rápido. A participação de Laurence Fishburne,(que interpreta o decontrolado Noland) por exemplo, consiste numa aparição relâmpago; o personagem dura um quinze ou vinte minutos até que seja finalmente morto pela arma de mira tripla do predador, e sabe se lá por que o nome de Laurence está em destaque nos créditos finais.
O elenco, a propósito, não foi nada barato; famosos atores Hollyhoodianos integram a lista de protagonistas, grandes nomes para pouco filme. São uma hora e meia de história, pequena como o bizarro Alien vs. Predador 2, grande fiasco da série dos dois alienígenas.
Depois de AVP2, precisava mesmo de outro filme envolvendo um desses alienígenas para levantar as franquias. Mas Predador 3 não levantou, ficou no quase. O diretor Nimród Antal possuia em mãos algo que tinha tudo para dar certo; ele podia atualizar a saga para os dias atuais, deixando o clima tenso e o terror que são marcas registradas. Porém, preferiu ficar no mesmo, na floresta de PRED1. E se ele não foi original no decorrer da trama, deixou para ser no fim, culminando no mesmo problema de muitos diretores, que leva o espectador a se perguntar: "Qual o problema em fazer um bom final?".
Predadores termina com uma deixa livre para continuação, (no estilo Matrix 2) acaba inacabado, e você tem que sair do cinema com a mão na cara, especulando como PRED2 podia ser finalizado; podia, mas não foi, para infelicidade dos fãs que esperaram pelo novo número da série e mal conseguiram assistí-lo - por causa da rapidez e das imagens escuríssimas. Se em versões Blu-Ray já temos que forçar o olho para ver alguma coisa em determinados momentos, imagine só nos DVDs convencionais.
O que alivia são as minúsculas cenas em que vemos uma nave espacial (uma luzinha no céu negro) pronta para voar e algumas sequências de ação - tiros de metralhadora contra os predadores, sendo que a única coisa nova (comparando ao primeiro filme) é a fotografia que faz você - literalmente - se imaginar na pele de um cego em tiroteio. Portanto, é incontestável a inovação inexistente e inevitável afirmar que Predadores é uma releitura má do anterior na década de 80; e quando pensamos nisso, temos que ceder aos tradicionalistas que dizem que os filmes eram melhores tempos atrás.
Consequentemente, a terceira aparição do predador nas telonas desapontou as espectativas - filme curto, de imagem escura, mais do mesmo, mínimos gastos com efeitos especiais e sonoros, (se resumem em armas, tiros, floresta e grunhidos) grande elenco para pouca coisa e um final muito decepcionante - assim como todo o filme, infelizmente.
Considerações Finais
Nimród Antal e Robert Rodriguez se uniram para reavivar a saga Predador após o desastre de AVP2, mas o resultado foi total e literalmente decepcionante, curto e mal produzido. Infelizmente, o que resta é esperar o lançamento de uma provável continuação, e que, dessa vez, possamos sair da sala de cinema comentando sobre como a franquia realmente retornou - um verdadeiro retorno triunfante.
Crítica de Murillo JAF
Após um turbilhão de expectativas e boatos sobre que filme venceria o Oscar 2010, a Academia presenteou a diretora e ex-mulher de James Cameron, Katryn Bigelow, por seu famoso drama de guerra; "Guerra ao Terror" chegou ao Brasil em DVD, e, depois do resultado do Globo de Ouro e das ótimas críticas, a distribuição brasileira decidiu levar o filme aos cinemas, onde não ganhou mais que cem milhões de reais.
Apesar disso, GAT apresenta mais que um documentário sobre o terrorismo iraquiano; o filme de Katryn aborda um drama real, fundamentado em uma revisão de conflitos decorrentes da incessante batalha pelo poder e a ânsia por guerra.
GUERRA AO TERROR
Crítica de Murillo JAF
Os sargentos William James, JT Sanborn e o "especialista" Owen integram um esquadrão de bombas, que atua no Iraque para impedir ataques terroristas. O esquadrão faz parte da Companhia Bravo, que tem 35 dias para ser finalizada; porém, um último mês no Oriente Médio significa um limite quase intrasponível para os soldados, que lidam com a morte toda vez que entram em ação. No entanto, William se mostra um fanático pela guerra, e, apesar de ter uma família, valoriza somente seu arriscado serviço, em um país divido entre as organizações terroristas iraquianas e os militares dos EUA.
Apesar de GAT ter um roteiro sobre uma história real, ele não se aproxima em nada a um documentário. Ao contrário de filmes como "Bastardos Inglórios" ou "Distrito 9" - que tentam abordar uma realidade da forma mais irreal possível - o filme de Bigelow utiliza diversos recursos para nos mostrar os pesadelos e dramas existenciais derivados da guerra.
GAT não trata de valorizar o heroísmo dos soldados americanos, mas de expor as cicatrizes psicológicas carregadas por eles e de como a batalha pode ser cruel. Efetivamente, "Guerra ao Terror" vai contra filmes que colocam a ideia de que conflitos são necessários e valem a pena, e que é fácil pegar em uma metralhadora e fuzilar os inimigos para o benefício da nação. No filme, o espectador sente todas as angústias e medos de soldados que encontram na guerra a razão para continuar vivendo.
Portanto, é incontestável a decisão da Academia de Cinema de Hollyhood em premiar o filme com o 82º Oscar, já que ela, como o próprio nome já diz, avalia uma tese, e não uma ficção, como AVATAR, que, apesar do imenso sucesso, é um filme fundamentado em nada que não sejam efeitos especiais - embora usados para dar vida a um novo e convincente mundo, continuam designando o filme de Cameron como um desenho.
Katryn Bigelow não possui filmografia extensa, e nunca dirigiu sucessos de bilheteria; mas, na maioria de suas obras, como The Windowmaker, a diretora explora temas reais. No entanto, em GAT, a realidade é usada para transmitir o fanatismo descontrolado causado pela guerra; fanatismo este que, no filme, não teria efeito algum, caso não fosse vivido pelos atores Antonie Mackie, Brian Geraghty e Jeremy Renner; que interpretam os confusos soldados do esquadrão anti-bombas, os quais convivem diariamente com a morte, e encontram na batalha a única coisa em que acreditar.
Considerações Finais
"Guerra ao Terror" não é um filme de ação - não fala sobre patriotismo ou sobre a valorização de um homem ou país por meio da batalha. Pelo contrário; ele visa mostrar as diversas cicatrizes psicológicas presentes em soldados que vivem pela guerra, e se perdem cada vez mais dentro dela. GAT mereceu ganhar o Oscar de 2010, e a decisão da Academia foi sábia - Katryn mostrou um drama real, e, dentro dele, abordou questões sobre vício e fanatismo. A diretora soube fazer um filme orginal, sem apelações ou clichês, e conseguiu ganhar o maior prêmio do cinema por retratar aqueles que vivem em uma constante guerra ao terror.
"A emoção da batalha costuma ser um vício forte e letal, pois a guerra é uma droga."
(Chris Hedges)
Uma mistura incoerente de ficção científica com documentário marca Distrito 9, filme de Neil Blomkamp e produzido por Peter Jackson (de "O Senhor dos Aneis"). O adjetivo "incoerente" abrange todo o desenvolvimento do filme, que visa mostrar a questão do racismo em uma realidade longe.
DISTRITO 9
ETs no Soweto
Há 20 anos, uma nave alienígena gigantesca pousou em nosso planeta e, dentro dela, haviam milhares de ETs parecidos com crustáceos, que, apesar de possuirem armas e tecnologias avançadas, se submeteram aos seres humanos e foram isolados da sociedade em um local denominado Distrito 9, uma espécie de Soweto, onde viviam em barracos e eram explorados pela MNU (uma organização responsável pelo controle dos alienígenas) e por um grupo gângster de negros. Embora os militares conseguissem capturar as armas e naves dos extraterrestres "camarões", não podiam manejá-las, pois elas só funcionavam quando reconheciam o DNA de seus criadores.
O roteiro de Distrito 9 mostra diversos erros, como o porquê dos extraterrestres se submeterem aos humanos se eram tão evoluídos ou a justificativa do pouso da nave na Terra. Embora a história pareça interessante, conforme se desenvolve, fica cada vez mais cansativa, já que Blomkamp quis transformar ficção em documentário e documentário em ficção.
Documentário + Ficção Científica = Desastre
Praticamente todo o filme é gravado com câmeras de mão, com o objetivo de mostrar, como um documentário, a vida dos extraterrestres no nono distrito e como eram explorados pelos seres humanos. Entretanto, existem sequências de ação, que, apesar de produzidas por Peter Jackson, se parecem com guerras entre quadrilhas rivais no Rio de Janeiro.
Porque o filme não ganhou o Oscar? É simples responder; "Distrito 9" quis falar sobre preconceito e racismo em um contexto irreal, colocando ETs no lugar de negros em um apartheid fictício. D9 também não atingiu sucesso, já que colocou os alienígenas como reprimidos, ao contrário de filmes como "Independence Day", onde os humanos superam as dificuldades e conseguem derrotar os colonizadores extraterrestres. Ou seja, o diretor Blomkamp, ao tentar agradar o público e a Academia de Hollyhood e fazer um "documentário fictício", realizou um filme incoerente, que começa cansativo e acaba decepcionante.
Considerações Finais
Se "Distrito 9" foi um dos filmes mais originais do ano, como diz o slogan, realmente foi; porém, Neil Blomkamp errou em tentar falar de racismo num contexto fictício. Portanto, D9 quis ser um filme cult, de uma cultura que não existe.
Crítica de Murillo JAF
O que faz de um filme um sucesso de bilheteria? Os efeitos visuais, a trama original, a história bem narrada, a ótima produção, o som e as cenas combinados de modo que sintamos a emoção de estar lá - a perfeição. No caso de James Cameron, seu 'currículo' possui somente sucessos; muitos desses, filmes feitos com pouco orçamento, que resultam em franquias famosas - como "Exterminador do Futuro" - ou, simplesmente, em clássicos eternizados do cinema - o caso de "Titanic".
Depois de dez anos escrevendo a história de sua vida, o diretor (que, inclusive, já foi consultor da NASA para viagens à Marte) cria um novo mundo, onde todos os seres são interligados a natureza, seja espiritual ou literalmente. Mas, o novo filme de Cameron não é somente uma aventura 'ecochata' - AVATAR é mais do que podemos ver, mais do que podemos sentir. E, por isso, é o maior sucesso de bilheteria de toda história.
AVATAR- Um filme perfeito
* A trama
Em 2156, no sistema solar de Alfa Centauro, a solução para a crise energética da Terra se encontra em Pandora, uma lua do planeta Polyphemus, a cerca de 4,4 anos luz da Terra; Pandora possui uma grande quantidade de minério, que vale uma verdadeira fortuna, porém, a lua é habitada por uma civilização nativa, denominada Na'vi - seres azuis, de três metros, com características felinas e extremamente ligados a Ei'wa (o grande "deus" da natureza).
Para tentar um acordo diplomático com a estranha raça, os seres humanos constroem Avatars, combinando o nosso genoma com o dos nativos e criando um Na'vi controlado por um homem por meio de uma interface supertecnológica. O ex-fuzileiro paraplégico Jake Sully (Sam Worthington) consegue interagir e se tornar um dos nativos por meio de seu avatar, mas não um acordo para que os humanos explorem o planeta. Por isso, estoura uma guerra entre as duas raças, e Jake, já envolvido com o povo e com uma mulher Na'vi, lidera todos os clãs de Pandora na grande batalha.
* A Direção: realidade à ficção
AVATAR tem um componente primordial de interesse do público contemporâneo: os efeitos especiais, agora inovados com a tecnologia 3-D. Na verdade, quase tudo no filme é carregado de efeitos, mas de uma forma tão real que nos parece que Cameron realmente foi gravar em um planeta distante, onde há outros tipos de vida animal (sejam estes 'cavalos' com seis patas ou gigantescas 'criaturas' voadoras) e vegetal (como plantas fluorescentes ou montanhas flutuantes).
Os efeitos do filme realmente inovam, porque trazem realidade ao irreal. Na verdade, não tão irreal assim - James Cameron reuniu vários especialistas em química, botânica e astrofísica para realizar um filme perfeito; aliás, toda a ficção tem um fundo científico: a localização do planeta, as viagens espaciais e o conceito da criação dos avatars. A realidade é ainda mais realçada pelas imagens do filme, gravado com câmeras IMAX, o auge da tecnologia em filmagem.
AVATAR é contagiante; os personagens são carismáticos, (como a botânica interpretada por Sigourney Weaver) a história é bem elaborada, e, até mesmo as pessoas que não apreciam o ecosentimentalismo de Cameron, se atraem pelo maravilhoso mundo imaginário de Pandora. Um mundo, que, apesar de fantasioso, parece bem real, graças ao maravilhoso trabalho da direção; para o diretor, não há limites entre o sonho e a realidade.
* A mensagem de AVATAR
AVATAR não traz somente uma mensagem de preservação da natureza; muito mais que isso. Entretanto, é notável que Cameron mostra uma visão refeita da história - como, por exemplo, a invasão anglosaxônica a América, onde os índios ensinaram técnicas de agricultura e pecuária aos peregrinos, que, como agradecimento, mataram todos os indígenas e tomaram posse de suas terras para explorá-las ao seu gosto, destruindo inúmeras culturas. No filme, a situação se repete: os humanos percebem que Pandora possui uma quantidade significativa de minério muito valioso na Terra, porém é habitado por uma civilização indígena nativa. Mas, sem se importar com a importância da natureza para os Na'vi, e muito menos para suas vidas, os alienígenas - que, no caso, somos nós - decidem explorar o planeta e todas as suas riquezas.
Uma visão histórica e uma mensagem sobre a importância natural; é o que torna AVATAR inigualável.
Mais que um filme,
o diretor James Cameron construiu um novo mundo. AVATAR é superior - mostra os efeitos visuais como nunca e uma ficção da maneira mais real possível.
A resposta exata para a pergunta citada no começo desta análise, Hollyhood adoraria ter; mas, não há mistério. O segredo para um filme cair no gosto das pessoas é construí-lo com perfeccionismo, com ótima história e produção. É fazer o que Cameron fez - criar uma vida, um mundo; atingir a combinação certa para a perfeição. AVATAR é um filme perfeito.
Crítica de Murillo JAF
Harry Potter e o Enigma do Príncipe
HP6: TRAMA, PRODUÇÃO/DIREÇÃO E CONSIDERAÇÕES
Com incrível recorde de bilheteria, e (para muitos fãs) o melhor filme da série baseado nas obras da escritora inglesa J.K Rowling, "Harry Potter e o Enigma do Príncipe" mostra as novas aventuras dos já crescidos personagens da contagiante franquia. Tão crescidos que a maior parte das subtramas são em torno do romance dos jovens bruxos, como a relação amorosa entre Harry e Gina Weasley e seu irmão Rony (esqueça aquele garotinho tímido... Rony Weasley mudou) com a garota Hermione. Os atores Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Wtson mostraram atingir maturidade em atuação, expressando melhor os sentimentos dos personagens Harry, Rony e Hermione por eles interpretados. Os livros do misterioso príncipe mestiço que caem nas mãos descuidadas de Harry, o retorno de Lord Voldemort e as relações amorosas entre os alunos são as tramas predominantes em HP6, que tem muitos motivos paa fazer o sucesso que fez.
Romance e mistério nas torres de Hogwarts;
Enquanto o clima é chuvoso no mundo dos bruxos, (o que realça mais o suspense do filme) o medo causado pelo retorno do lorde das trevas Voldemort se espalha, e Hogwarts agora não é mais segura... porque, desta vez, o inimigo está dentro da escola de magia e bruxaria. Diversas características dos protagonistas mudaram, mas a principal mudança foi sentida no personagem Malfoy, que em todos os episódios da série se mostrou inimigo de Potter; mas, agora, o "garoto" realmente foi para o lado "do mal", se tornando um dos seguidores de Voldemort, vilão que, apesar de não aparecer nessa edição, memórias que mostram seu passado como o jovem Tom Riddle podem ser vistas, e mais do passado do enigmático e terrível bruxo assassino dos pais de Harry Potter. Porém, a vitória sobre o lorde das trevas ainda é distante... muito distante.
Enfim, o sexto ano de Harry, Rony e Hermione em Hogwarts é marcado por romance, desentendimentos, e confontos. E a produção do filme não decepciona e realça o clima da história da nova edição da série.
"O Enigma do Príncipe": adaptação de livro/sucesso nos cinemas;
O novo filme de "Harry Potter" ocorre em cenários densos e acinzentados (vale elogiar Bruno Delbonnel pela excelente fotografia) e os personagens mais "infantis" (como Hagrid) praticamente não aparecem, já que, HP6 é destinado a um público adolescente, tanto que há as subtramas tratam das relações amorosos entre os alunos, tema que interessa aos jovens.
A direção/produção do sexto número da saga é ótima, conseguindo adaptar mais uma obra literária de Potter ao cinema, sem perder a essência do livro e o suspense do filme, cujo sucesso deve-se, principalmente, aos fãs e aos adolescentes, os quais encheram as salas dos cinemas e fizeram de "O Enigma do Príncipe" um grande sucesso de bilheteria, apesar do filme não inovar em nada. O diretor David Yates, junto com os produtores David Barron e David Heyman, fez um ótimo trabalho e criou uma ótima obra cinematográfica.
Enfim, cenas escuras, suspense, drama, um pouco de ação e um clima denso marcam o novo ano em Hogwarts, onde há romance, confrontos e muitos mistérios.
Crítica de Murillo JAF
STAR TREK
O diretor J.J. Abrams aceitou o desafio de retomar as rédeas da série de filmes da franquia das jornadas nas estrelas e o resultado saiu de forma surpreendente. “Star Trek” conta as origens dos personagens da clássica série de sucesso que atraiu milhares de fãs no mundo inteiro, os quais fazem parte do grupo pelo qual esse filme é destinado. Assim como “007 Cassino Royale” e “Batman Begins”, a nova edição da franquia fala como foi o surgimento dos velhos e queridos personagens Spók e (o capitão) James Kirk e como se originou a equipe da nave “USS Enterprises”. “ST” retorna com as viagens e guerras espaciais às telonas, recheadas com os efeitos especiais que tanto fascinam os espectadores.
TRAMA e PRODUÇÃO;
As novas jornada nas estrelas;
O filho do primeiro Capitão Kirk, James T. Kirk, é convocado para integrar as tropas estelares, onde encontra o alienígena do planeta Volcano, chamado Spock, um extraterrestre de orelhas pontiagudas, que aparenta controlar seus sentimentos e, com um gesto bem familiar com a mão, deseja “vida longa e próspera” como um cumprimento. Ele mostra ser inimigo de James (esse fato pode impressionar alguns dos velhos fãs da franquia, mas haverá uma explicação durante o desenrolar da trama) e apresenta seu discurso baseado em “lógica”. Porém, quando as tropas recebem um chamado de resgate do planeta de origem do alienígena orelhudo, uma trama intertemporal e de proporções cósmicas é descoberta, a qual envolve a morte do pai de Kirk e a rixa entre ele e Spock.
O roteiro é ótimo, assim como direção e produção. O carisma dos personagens é realçado pela excelente interpretação dos atores e vale ressaltar a qualidade dos efeitos do filme, os quais realçam a sensação de uma batalha espacial com a "Enterprises" ou a adrenalina de pular de para-quedas de uma nave espacial rumo a um planeta prestes a ser engolido por um buraco negro. As cenas e a fotografia de "ST" são de muita qualidade, bem como os efeitos sonoros e a trilha musical (que inclui o tema da antiga série); a equipe da produção do filme fez um bom trabalho e vale dar os parabéns ao diretor J. J. Abrams, pela fantástica direção da nova edição da franquia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS;
Aos que procuram efeitos e batalhas espaciais, “Star Trek” é um ótimo filme, que, além de ser sensacionalmente dirigido (com ótimas cenas, efeitos especiais, fotografia, elenco e trilha sonora), pode, para alguns, relembrar os momentos da antiga série de mesmo nome. Um filme sensacional.
Crítica de Murillo JAF
007 Quantum of Solance
Quantum of Solance: O novo filme de Bond decepciona;
Após o lançamento de 007 Casino Royale, que, assim como Batman Begins e outros filmes, voltaram às origens do personagem, no caso, o agente secreto mais famoso das telonas James Bond, Quantum of Solance traz novamente Daniel Craig (de Munique) no papel de Bond, que ainda sofre com a morte de Vesper, sua parceira, com a qual ele mantinha uma relação amorosa. A história começa com James interrogando o assassino de sua amada e, quando um agente de seu departamento o trai, ele começa a descobrir uma grande conspiração que envolve o governo boliviano. Durante a investigação para saber quais negócios conspirátórios seus inimigos planejam, ele conhece Camille, (Olga Kurylenko) por quem começa a se apaixonar.
O filme novamente explora o lado obscuro de Bond, mas, mesmo assim, deixa muito a desejar. Onde está o agente britânico charmoso e elegante que conhecíamos? Com certeza, ficou no passado. Em seu lugar, um James Bond sério, muito ágil, de personalidade obscura... parece até que não estamos falando dele, mas sim de Max Payne ou até mesmo do Batman! Um dos elementos da personalidade de Bond é o charme, que, por sua vez, não está presente nesse filme. Inclusive, o diretor Marc Foster excluiu a frase clássica ''Meu nome é Bond, James Bond'', a marca registrada do agente. Enfim, os pontos fracos marcaram 007 Quantum of Solance, cujo nome sequer foi traduzido.
A produção de Quantum of Solance;
Assim como o novo Bond, interpretado pelo 'robô' Daniel Craig, a produção decepciona muito. Em todos os filmes da franquia 007, ele viajava para diversos lugares do mundo e havia muita exploração de cenários, cidades e lugares, como Moscou, Londres, inclusive o Brasil. Porém, esse se restringiu a alguns locais do mundo, como a Bolívia e o Haiti, as locações foram pobres e os cenários também. Além disso, as armas do agente, assim como seus carros, são de última tecnologia, carros Audi, Crysler, entre outros e sempre equipados com armas e equipamentos. Armas acopladas em relógios, correntes, canetas e outros objetos inusitados, veículos da mais alta tecnologia, como lanchas, carros e jatos, entre outros equipamentos sempre foram usados por Bond, que agora é um homem obscuro que sofre com o seu passado.
Também é notável que a trama do filme não foi a das melhores. Apesar de falar sobre conspirações políticas e sobre como os políticos roubam e aproveitam de pessoas pobres e inocentes em países que se encontram em situações críticas ou miseráveis, a história foi muito curta e o final extremamente rápido, sendo que haviam várias subtramas sobre o agente e sua personalidade que não foram exploradas. Porém, algumas cenas foram muito bem feitas, principalmente a sangrenta batalha na casa de ópera. Enquanto o tiroteio entre Bond e os capangas corria solto, ao fundo, tocava uma música de Ópera, que acompanhava o intenso confronto. Também, não há nada a reclamar sobre a sequência do filme, que ficou boa, assim como a fotografia. Porém, ainda assim, a produção pecou e esqueceu de mostrar que Bond é mais que um personagem mergulhado nas trevas.
Considerações finais;
No novo filme de James Bond faltou história e produção. Também faltou mostrar o verdadeiro agente britânico, com seu charme e elegância. Cassino Royale não foi o melhor da franquia, mas foi muito bom. Porém, Quantum of Solance realmente decepciona a todos, que, com certeza, esperavam mais desse filme.
Crítica de Murillo JAF