O cinema, numa visão mundial, em seus aspectos financeiros, nunca foi tão mutável como na atualidade. Filmes que se tornavam grandes sucessos de bilheteria, a ponto de estar entre os dez maiores sucessos da história, eram constantes em sua posição e difíceis de serem superados. Ultrapassar um bilhão de dólares em arrecadações, que até o começo dos anos 2000 era um prestigio reservado a pouquíssimos longas-metragens, agora é menos esporádico: só nesse ano, dois filmes foram bilionários em suas angariações e um (grande surpresa entre os críticos, o “007 – Operação Skyfall”, de Sam Mendes) quase chegou a tanto - e é da expansão dos veículos midiáticos a responsabilidade por essa massiva divulgação de novos blockbusters.
Aproveitando o favorável cenário, os estúdios hollywoodianos investem em títulos e fórmulas novas (que recentemente provaram sua eficácia em conquistar o público) ou já conhecidas (sejam remakes ou continuações de franquias até então intocadas, talvez por temor em errar ao prosseguir com uma história perfeitamente acabada), a fim de que as mesmas constituam os mais eminentes megasucessos da nova década – isso, claro, se a profecia apocalíptica de Roland Emmerich (“2012”) não se cumprir.
E OS MEGASUCESSOS DA NOVA DÉCADA...
não tardam a estreiar. Este ano mesmo foram lançadas a terceira e sétima maiores bilheterias desde os primórdios de Hollywood: “Os Vingadores – The Avengers”, de Joss Whedon (ver crítica) e “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, do excepcional Christopher Nolan (ver crítica), respectivamente. Whedon, inclusive, é um dos mais comentados diretores da ficção científica contemporânea, cotado para o novo número de uma famosíssima saga sci-fi e contratado como responsável pelo próximo longa de sua equipe super-heróica.
A volta dos fantasiados que vingaram o mundo
“Os Vingadores 2” é um promissor nome para estrelar o pódium dos maiores faturamentos do cinema, afirmação ratificada pela repercussão do primeiro longa. Assim como ele, o segundo será construído a partir das histórias “solos” dos heróis, conectadas por elementos das tramas e cenas pós-créditos, formadores da “fase 2 da Marvel” (sobre a qual Whedon tem o poder de supervisão), estágio que apresenta quatro novas produções, em ordem cronológica de lançamento: “Homem de Ferro 3”, “Thor 2” (“Thor: The Dark World”), “Capitão América 2” (“Captain América: The Winter Soldier”) e “Guardiões da Galáxia”.
Usufruindo dos avanços na tecnologia de efeitos especiais, que possibilitam vivificar personagens em batalhas incríveis contra alienígenas pelo salvamento da Terra, Joss (ao lado) provou o elementar – que trazer tamanhos conflitos à telona conquista o público – logo sendo suficientemente eficaz em multiplicar as finanças dos Estúdios Marvel e Disney a ponto de perpetuar a aventura dos Vingadores no próximo título, sobre o qual o cineasta afirma: “A criação do time [dos heróis] não é um final feliz. É o começo de algo que é complexo e difícil e agora eu posso ir um pouco mais além. E talvez, no caminho, eu possa tornar a situação ainda pior. E isso é empolgante para mim”.
Ao falar sobre uma situção ruim envolvendo os protagonistas, ele possivelmente faz referência ao vilão nêmese da equipe, a entidade alienígena Thanos, um fortíssimo e quase invencível inimigo que se dedica a perturbar o Cosmos, de presença já confirmada em “The Avengers 2”. O visual do antagonista, contemplado em cenas escondidas, será completamente moldado virtualmente e sua primeira aparição, confirmada pelo quadrinista Jim Starlin, seu criador, acontecerá no roteiro espacial de “Guardiões da Galáxia” (grupo menos conhecido, originalmente criado nas HQs de 1969 com a fictícia premissa de lutar contra seres malignos espaciais), onde seus atributos terríveis serão apresentados a fim de, segundo o site Latino Review, familiarizar o espectador.
Confira o visual de Thanos:
No primeiro dia de Maio de 2015, a Disney pretende receber mais alguns bilhões para seus cofres com o próximo “Os Vingadores” – mas não somente com ele; para o mesmo ano, a recém compradora da Lucasfilm tem mais ambições, que irão resgatar uma velha e conhecida história passada há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante.
Jedis não se aposentam
Em 1983, concluía-se o último episódio da saga que apaixonou milhões ao redor do planeta, levantou um exército de admiradores, consagrou a ficção científica e se tranformou, na opinião de muitos críticos (da qual partilho), em épica. Desde então, a história das lutas espaciais envolvendo Darth Vader, Luke Skywalker, Han Solo e os mundialmente conhecidos andróides R2D2 e C3PO permaneceu intocada e sua continuação, ainda que extremamente almejada pelos muitos fãs, distante e improvável. George Lucas, idealizador da franquia, fundou sua própria empresa de produção cinematográfica, a Lucasfilm, inovadora no desenvolvimento de efeitos especiais e sonoros, – sob respectiva responsabilidade das subdivisões do estúdio: Industrial Light and Magic e Skywalker Sound – diretamente encarregada dos impressionantes designs visuais como os de “Exterminador do Futuro 2”, “Ghost”, “Jurassic Park” e, mais recentemente, “Transformers” e “Avatar” – além da criadora de games Lucasarts. Esse enorme conglomerado de Lucas, prodígio da cinematografia hollywoodiana, após várias negociações, foi, no dia 30 de Outubro desse ano, oficialmente comprado (pela bagatela de 4,05 bilhões de dólares) pelos Estúdios Disney. Contudo, a notícia veio acompanhada de outra que, há algum tempo, seria inacreditável – a trama de 1983 vai ser continuada e um sétimo episódio Star Wars fora confirmado. Ainda segundo o comunicado que oficializou essas notícias, muitos filmes da saga ainda virão depois deste. George, por sua vez, declarou a aposentadoria (permanecendo, contudo, como consultor criativo) e que a continuidade de seu Império (tanto o galáctico quanto o da Lucasfilm) será de responsabilidade de Kathleen Kennedy, atual copresidente de conselho do estúdio, futura presidente de toda empresa e produtora executiva dos novos “Guerra nas Estrelas”. "É hora de eu passar Star Wars para uma nova geração de cineastas. Sempre achei que Star Wars viveria além de mim, e eu penso que é importante montar a transição enquanto eu estou vivo”, falou o antigo dono após o anúncio da aquisição; “...O alcance da Disney vai dar à Lucasfilm a oportunidade de trilhar novos caminhos em cinema, TV, produtos interativos, parques temáticos, produtos ao vivo e outros direto ao consumidor".
Mais recentemente, foi confirmada a previsão da estreia do novo longa para 2015, juto ao segundo Vingadores e a outro promissor título para integrar os megasucessos da nova década (que será comentado mais abaixo). Entretanto, ainda é incógnito o diretor para a continuação da jornada de Skywalker (que possivelmente aparecerá no filme com seus quarenta anos, interpretado novamente por Mark Hamill, de mais de 60) e a equipe da Disney/Lucas já está os procurando: nomes como o de Joss Whedon e Steven Spielberg foram cotados, mas o primeiro está envolvido com outro trabalho e o segundo se negou (seus objetivos hoje incluem filmes semicults ou históricos, como “Cavalo de Guerra” e “Lincoln”). Enquanto os dois se mantém afastados do projeto, os mais fortes na bolsa de apostas são Matthew Vaughn (diretor de “X-Men: Primeira Classe”), fortalecido por uma série de boatos, e Jon Favreau (de “Homem de Ferro” 1 e 2). Confirmados estão, todavia, apenas Michael Arndt (de “Tron – O Legado”), escrevendo o argumento da nova trilogia e o roteiro de VII, junto a Lawrence Kasdan, roteirista principal de “O Império Contra-Ataca” e “O Retorno de Jedi”, e Simon Kinberg, de “X-Men”, como os produtores dos filmes, que também escreverão separadamente novas ideias para a franquia. O surgimento de novidades, porém, ainda é mais exponencial quando se trata de outro futuro longa pós-bilionário que fará frente aos carros-chefe do truste Walter Disney daqui a três anos, menina dos olhos da Warner, que visa com ele combater os protagonistas da Marvel e os cavaleiros da Força – a Liga da Justiça.
Os super-amigos na telona
Com um roteiro acabado antes do próspero lançamento de “Os Vingadores”, o sucesso deste, ainda que os estúdios Warner possam negar, motivou o aval para iniciar os preparativos para a filmagem da “Liga da Justiça”. E, assim como o sétimo número das guerras estelares de George Lucas, muito se especula (sobre a direção e trama) e pouco é oficialmente confirmado. Recentemente, o site Latino Review, famoso pela precisão de suas previsões, divulgou o nome do provável vilão do longa e em que história em quadrinhos ele se basearia. Darkseid, uma terrível entidade alienígena que governa um planeta infernal nos confins do espaço antagonizará a “Liga", segundo o Review; o ser é conhecido na HQ como um deus maligno, devido à sua invencibilidade e extremo poder que o caracterizam como o nêmese de Superman e da equipe heróica. As edições 183 à 185 do gibi "Justice League of America", da década de 80, possivelmente embasarão a história do filme; se o boato for verídico, será impossível não lembrar de Transformers 3/Vingadores, já que nesses comic-books Darkseid planeja levar Apokolips, seu mundo, até a órbita da Terra, que seria destruída para tanto. Fato é que a versão mais recente do roteiro é escrita por Will Beall ("Caça aos Gangstêres") e que será um desafio unir as histórias individuais dos heróis, principalmente no que se trata do Batman realista de Christopher Nolan, devido a sua dificuldade de adaptação a um tema mais sci-fi e das problemáticas que envolvem esse personagem: a Warner deveria dar continuidade a história de Nolan ou apresentar um recomeço? Se seguir a primeira alternativa, quem vestirá o manto do cavaleiro das trevas?
Chris (ao lado), em recente entrevista, não confirmou sua alienação ao longa do super time, simplesmente desconversando quando perguntado sobre isso: "Eu estou produzindo Superman e desfrutando de uma folga". Se ele estiver envolvido com "Liga da Justiça", é certa a volta de Christian Bale como o homem-morcego (se ele for cotado para o papel), visto a disposição de Bale em vestir novamente capa e capuz somente junto à Nolan. O cineasta, em sua afirmação, também fez uma referência a "O Homem de Aço", que deve apresentar o novo Superman ao público. Além dele, o homem mais rápido do mundo, Flash, deve protagonizar um filme solo, enquanto é possível que a Mulher-Maravilha seja apresentada pelo seu seriado, que futuramente irá estrear. Quanto aos outros membros fundadores da equipe, o Lanterna Verde e o Caçador de Marte, tudo é especulação, mas fãs apostam que Ryan Reynolds ainda interprete o protagonista verde.
Com David Yates (quatro últimos "Harry Potter") e Ben Affleck (do favorito para o Oscar "Argo") talvez cotados para a direção, 2015 será cenário para mais essa super-estreia. Entretanto, dentre os maiores sucessos da nova década não podem ser excludentes as continuações do líder do pódium sobre as mais históricas bilheterias - a precursora obra tridimensional de James Cameron.
A década azul
O diretor James Cameron, após cerca de dez anos de reclusão da produção cinematográfica, retornou em 2009 para emplacar a primeira maior bilheteria da história, "Avatar", que iniciou definitivamente uma onda de lançamentos em 3D e se consagrou, destarte, como filme comercial, na história do cinema. Mas também iniciou uma franquia, como o próprio diretor já ratificou: Avatar 2, 3 e 4 vem aí. O segundo e o terceiro filme serão filmados de modo simultâneo e, como confirmado por recentes notícias do cineasta, já em 2013, com seus roteiros concluídos em Fevereiro. Cameron explica que quer ter os textos fechados para não precisar reescrever nada durante a fase de efeitos e montagem. "Quero ter esses roteiros prontos, não quero ter que ficar escrevendo depois. Isso aconteceu no primeiro filme, acabei jogando fora um monte de cenas, e não quero que isso aconteça de novo", diz ele. Cameron promete revolucionar a taxa de velocidade de projeção, assim como fez com a tecnologia tridimensional, para mostrar os oceanos do planeta Pandora, no segundo longa, e a colonização desse mundo, no quarto, que deverá ser um prólogo da série. Com lançamentos no fim de 2014 e em 2015 (o que também servirá como resposta dos estúdios Touchstone e Fox à Disney e Warner), a continuação da história dos alienígenas ambientalistas deve reconfigurar o ranking das bilheterias de Hollywood, deixando futuro do cinema, nesta década, mais azul e, querendo Ei'wa, render muito mais emoções para nós, espectadores - não somente dos megasucessos, mas da evolução cinematográfica.
Artigo por Murillo JAF.
LANÇAMENTOSem ordem cronológica
HOMEM DE FERRO 3 - 26 de Abril de 2013
O HOMEM DE AÇO - 12 de Julho de 2013
THOR 2 (THOR: THE DARK WORLD) - 8 de Novembro de 2013
CAPITÃO AMERICA 2 (CAPTAIN AMERICA: THE WINTER SOLDIER) - 4 de Abril de 2014
GUARDIÕES DA GALÁXIA - Agosto de 2014
AVATAR 2 (título provisório) - dezembro de 2014
OS VINGADORES 2 - 1 de Maio de 2015
STAR WARS: EPISÓDIO VII (título provisório) - 2015
LIGA DA JUSTIÇA (título provisório) - talvez 2015
AVATAR 3 (título provisório) - talvez 2015
AVATAR 4 (título provisório) - s/d
STAR WARS: EPISÓDIO VIII (título provisório) - s/d